A cada pequeno ato de heresia, um novo despertar da propaganda do império
Escapar da matriz da visão de mundo ocidental convencional é como escapar de um culto: começa com uma pequena heresia…
Originalmente publicado na plataforma online (Substack) da autora em 1º de janeiro de 2025.
Reedição Guilherme Augusto Zacharias
Opinião
O despertar da propaganda do império começa com um pequeno ato de heresia
*Caitlin Johnstone
Escapar da matriz da visão de mundo ocidental convencional é como escapar de um culto: começa com uma pequena heresia. Um pequeno pensamento secreto que vai contra toda a sua doutrinação.
Talvez seja a percepção de que você foi enganado a vida inteira sobre Israel e Palestina. Talvez tenha algo a ver com assistir à mídia de massa fabricar consentimento para a invasão do Iraque. Seja o que for, começa como uma pequena suspeita mental de que as fontes de informação nas quais você confiava para formar sua compreensão do mundo podem não ser tão confiáveis quanto você foi levado a acreditar.
Se você conversar com alguém que já abandonou um culto, geralmente a pessoa dirá que tudo começou da mesma forma. Eles veem um sinal de que o líder do culto, que afirma ser Jesus, pode na verdade ser um pouco mesquinho e egocêntrico. Eles começam a questionar se o Sri Baba Shiva – Sathya Sai Baba, guru indiano (1926-2011) – realmente precisa de tantos Rolls-Royces. Eles se perguntam se o Pastor Jeremias está dizendo que Deus quer que ele tenha tantas esposas por razões mais relacionadas ao que o Pastor Jeremias quer do que ao que Deus quer. Essas pequenas heresias acabam se acumulando e se transformando em uma avalanche que colapsa a doutrinação que os mantinha no culto o tempo todo.
Na verdade, isso tende a acontecer da mesma forma quando se trata de sair de qualquer relacionamento psicologicamente abusivo. Uma pequena fagulha surge na mente da vítima, questionando se os pensamentos que seu parceiro colocou na sua cabeça são realmente verdadeiros — e percebendo quem se beneficiaria se não fossem. Com suficientes fagulhas como essa, você eventualmente obtém um fogo que destrói todo o relacionamento.
Essas são as fagulhas que tentamos acender quando trabalhamos para despertar as pessoas da doutrinação do império. Estamos tentando fazer com que essas primeiras pequenas heresias se formem na mente das pessoas, usando o que quer que esteja acontecendo nas notícias no momento ou quaisquer ideias relevantes que estejam em alta.
Não precisamos fazer com que ninguém desperte completamente de uma só vez — só precisamos fazer a bola de neve começar a rolar. Um pequeno pensamento herético pode ser tudo o que é necessário para fazer alguém questionar seriamente se tudo o que lhe foi ensinado sobre o mundo é uma mentira.
Portanto, apontamos as mentiras onde quer que as encontremos. Qualquer buraco flagrante na narrativa oficial onde quer que ele apareça. Agora, Gaza é um dilúvio constante de informações e vídeos crus que podem provocar uma grande heresia se forem realmente vistos e assimilados. A forma como nos mandaram torcer para que a Síria fosse tomada pela Al-Qaeda é outro exemplo. As mentiras que nos contaram sobre a Ucrânia e os eventos que levaram à guerra são mais um.
Todos os dias há algo que você pode mostrar a qualquer pessoa disposta a ouvir, dizendo: “Viu? Olhe para isso! Eles mentiram! Eles estão mentindo agora! Será que estão mentindo sobre mais alguma coisa?”
E basta uma. Um único holofote bem colocado em uma lacuna óbvia pode ser suficiente para fazer alguém puxar um fio que acabará desvendando toda a matriz de ilusões para eles. E, uma vez despertos, eles podem se juntar a nós para ajudar a despertar os outros.
Portanto, faça uma vocação de ser um blasfemador em série. Faça as pessoas fazerem as perguntas inconvenientes e provoque o maior número possível de pequenos atos de heresia. As pessoas só vão despertar da matriz da narrativa imperial um par de olhos de cada vez, e todos nós temos a oportunidade de passar um tempo todos os dias tentando ajudar a abrir esses olhos.
*Caitlin Johnstone é uma jornalista, ensaísta, pintora e poetisa independente, financiada por leitores, que mora em Melbourne, Austrália.
