A dor transformada em força: o emocionante testemunho de Luis Enrique após a perda da filha
Seis anos após a perda de Xana, o técnico espanhol volta a uma final de Champions League e transforma o luto em força para seguir em frente, agora no comando do PSG e com a memória da filha como motivação eterna.
(Criador: Marc Atkins | Crédito: Getty Images)
Agência Casa Texto
Por João Guilherme
Em 2019, o mundo do futebol parou para prestar solidariedade a um homem que, por trás do semblante firme à beira do campo, escondia um coração devastado. Luis Enrique, ex-jogador consagrado e técnico de renome, perdeu sua filha mais nova, Xana Martínez, de apenas nove anos, vítima de um agressivo osteossarcoma, um tumor maligno raro que atinge os ossos. A doença evoluiu rapidamente e, em menos de cinco meses, a caçula da família faleceu.
O espanhol é casado desde 1997 com Elena Cullel, com quem teve outros dois filhos. O mais velho, Pacho, trabalha como auditor e ainda é jogador casual de e-sports. A segunda filha do casal, Sira, é campeã nacional de hipismo e namora Ferran Torres, atacante do Barcelona e da seleção espanhola.
Foram cinco meses de luta intensa contra a doença, seguidos por um luto silencioso que Luis Enrique transformaria em força e inspiração. Conhecido por sua garra como meio-campista em clubes como Real Madrid e Barcelona, além de uma passagem marcante pela seleção espanhola, ele sempre foi um símbolo de determinação. Mas foi fora dos gramados que revelou sua maior grandeza.
Em um depoimento comovente dado no ano passado, durante uma minissérie da Movistar+, o treinador emocionou ao dizer que se considera “um sortudo” por ter vivido “nove anos maravilhosos” ao lado da filha.
“Xana vive em mim”, disse. “Ela está nas fotos, nos vídeos, mas também nas memórias que guardo com carinho nas gavetas da mente. Sua presença é constante, silenciosa, mas poderosa.”
Essa força o guiou até mais uma decisão europeia. Seis anos após o episódio mais doloroso de sua vida, Luis Enrique chega à final da UEFA Champions League pela segunda vez na carreira. Agora à frente do Paris Saint-Germain. Dez anos depois de conquistar o título com o Barcelona em 2015, ao vencer a Juventus por 3 a 1 em Berlim, ele se vê novamente diante da chance de levantar o troféu mais cobiçado do futebol europeu.
Mas, para ele, essa final representa muito mais do que um título. Representa reencontro, memória e promessa.
(Criador: Marc Atkins | Crédito: Getty Images)
Naquela conquista de 2015, uma imagem marcou para sempre os torcedores: Luis Enrique e Xana dançando no gramado, celebrando juntos a glória no auge da carreira do treinador. “Recordo uma foto incrível que tenho com ela na final de Berlim, dela colocando uma bandeira do Barcelona no relvado. Tenho o desejo de fazer o mesmo com o PSG”, revelou.
E completou, com a voz embargada pela emoção: “Ela não estará fisicamente, mas espiritualmente, com certeza. É muito importante, e tenho motivação para continuar. Tenho certeza de que minha filha continua a fazer a festa.”
A trajetória de Luis Enrique é mais do que uma carreira de sucesso. É uma narrativa humana, marcada por superação, saudade e amor incondicional. Um homem que viu seu mundo desabar, mas escolheu continuar, guiado pela luz da filha que partiu cedo demais, mas que permanece viva em cada passo, em cada jogo, em cada conquista.
Luis Enrique não luta apenas por títulos. Ele luta por Xana. E, com ela no coração, sonha repetir em Munique o mesmo gesto que os uniu uma década atrás. Porque, para ele, cada vitória será sempre compartilhada com quem lhe ensinou que o amor é mais forte do que a dor.
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