Catarata – Um dia você vai ter a sua
O fator idade é a principal causa da catarata. Foto reprodução Internet A OPACIDADE OCULAR

A OPACIDADE OCULAR / CATARATA É RESPONSÁVEL PELA MAIORIA DOS CASOS DE CEGUEIRA EM TODO O MUNDO
A boa notícia é que a catarata, como é conhecida popularmente a doença, conta com recursos cirúrgicos que proporcionam visão total logo após a substituição do cristalino ocular por uma lente artificial
Guilherme Augusto Zacharias
É quase certo que você já ouviu falar em catarata. Esse nome pode evocar imagens de pessoas mais velhas colocando óculos ou se submetendo a cirurgias oculares. Mas a verdade é que a catarata é um assunto que merece muita atenção, mesmo que você ainda não esteja próximo da terceira idade. Vamos dar uma olhada nesse fenômeno ocular e desmistificá-lo.
Catarata, termo genérico de opacidade ocular, é basicamente quando o cristalino do olho – aquela lente intraocular natural que ajuda a focar as coisas – fica turvo. Imagine a lente de uma câmera que começa a ficar embaçada; com o tempo, é mais ou menos isso que acontece com nossos olhos. Em vez de ver tudo claramente, a pessoa com catarata pode notar que a visão está ficando borrada, perdendo a transparência, como se estivesse olhando através de um vidro sujo.
Geralmente, essa condição se desenvolve lentamente e pode afetar um olho ou ambos. Na maioria das vezes, ela está relacionada à idade, catarata senil, mas outras causas podem também levar à doença, como explica o oftalmologista Bruno Freitas Lage, titular da OftalmoCor Colatina, clínica especializada em tratamento dos olhos, localizada no bairro Vila Nova.
“A perda da transparência do cristalino pode ocorrer também por infecções transplacentárias, onde o bebê, ainda no útero, pode desenvolver doenças como a toxoplasmose congênita, rubéola, sífilis, que podem causar a catarata congênita”.
E não para por aí. A catarata também pode ocorrer por meio de eventos traumáticos, como acidentes envolvendo os olhos ou até mesmo um soco e perfurações oculares. Outro fator de risco para a ocorrência da catarata pode acontecer pelo uso de medicamentos, como corticosteroides, por exemplo.
Bruno Lage, que é formado em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com residência médica em oftalmologia pelo Hospital São Geraldo (Hospital das Clínicas – UFMG) com especialidade em retina no Hospital Hilton Rocha, de Belo Horizonte (MG), um dos mais renomados centros de oftalmologia do País, também chama a atenção para os cuidados em relação à incidência dos raios solares para a prevenção da catarata.
“As pessoas que se expõem muito ao sol têm uma tendência maior em adquirir a catarata precocemente; com o aumento da expectativa de vida, essa exposição acaba sendo maior ao longo do tempo”, explica Lage, lembrando a importância do uso de óculos escuros para aqueles que ficam mais tempo expostos ao sol.
“É preciso lembrar que os óculos de sol, muito além da questão estética, têm filtros que protegem os olhos, o principal deles contra os raios ultravioletas, um dos principais causadores da catarata; por isso, assim como usamos o filtro solar para a pele, podemos dizer que os óculos são o ‘filtro solar’ dos olhos”, completa.

Bruno Lage: “Até hoje, a catarata é a principal causa da cegueira em todo o mundo”. Foto arquivo pessoal
Cirurgia de Catarata
Há alguns anos, a catarata era irremediavelmente uma sentença de cegueira. A opacidade do cristalino, sobretudo aquela adquirida com a idade, não encontrava tratamento à altura da gravidade da doença. A boa notícia é que, hoje, com o avanço da medicina, os recursos cirúrgicos proporcionam soluções cada vez mais eficientes, principalmente quando a opacidade ocular é diagnosticada no seu início.
“Até hoje, a catarata é a principal causa da cegueira em todo o mundo; no entanto, agora, podemos afirmar que é uma cegueira reversível: uma pessoa com opacidade ocular submetida à cirurgia, no dia seguinte já estará enxergando”, revela o médico. No entanto ele lembra que quanto maior for a intensidade da doença, mais difícil será a recuperação.
“A gente sabe que quanto mais avançada a catarata, ou seja, se o paciente chegar ao ponto de ficar cego, é mais difícil de ser operado, há mais chances de complicações pós-operatórias e o resultado pode não ficar tão bom quanto àquela cirurgia realizada na catarata precoce”, adverte, recomendando sempre o diagnóstico precoce para que a doença não avance e dificulte o tratamento.

Segundo Bruno Lage, não há como fazer uma cirurgia de catarata sem que o cristalino não seja retirado. Foto reprodução Internet
Opções
Em toda cirurgia de catarata, o cristalino é retirado; sem ele, o paciente fica com cerca de 20 graus de óculos, o que inviabiliza qualquer solução que não seja a substituição do cristalino por uma lente artificial. “Não há como fazer uma cirurgia de catarata sem que o cristalino não seja retirado; então, ela (a cirurgia) vem sempre acompanhada da implantação de lentes intraoculares, corrigindo a visão do paciente e o deixando livre dos óculos”, afirma Lage.
Quando se trata de lentes intraoculares, a variedade é grande e cada tipo tem suas particularidades, o que pode ser um verdadeiro desafio escolher a mais adequada. A mais comum é a monofocal, que corrige a visão a uma única distância, ou seja, você pode ver bem de longe ou de perto, mas não ambos. Muitas pessoas optam por usar óculos para complementar a visão que falta, então a escolha depende muito da condição de vida de cada um.
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Quando se trata de lentes intraoculares, a variedade é grande e cada tipo tem suas particularidades. Foto reprodução Internet
Depois, existem as multifocais. Estas são um pouco mais sofisticadas, permitindo que você veja a diferentes distâncias sem a necessidade de óculos. Imagine poder ler um livro e olhar para uma tela ao mesmo tempo. Mas, vale lembrar, essas lentes podem ter um custo mais alto e nem todo mundo se adapta a elas da mesma maneira. Algumas pessoas sentem um pouco de desconforto visual, especialmente em ambientes com pouca luz.
Outra opção são as lentes tóricas, que são ideais para pessoas que têm astigmatismo, uma condição que causa visão borrada. Essas lentes são desenhadas para corrigir essa irregularidade na curvatura da córnea e geralmente são combinadas com outros tipos de lentes, como as multifocais.
A qualidade das lentes também é um fator importante. Lentes de alta qualidade tendem a ser feitas de materiais que oferecem melhor clareza e menos distorção. Além disso, podem ter tratamentos adicionais, como proteção contra raios ultravioletas e redução de reflexos, que melhoram ainda mais a experiência visual.
“No passado, as lentes eram de pior qualidade e as cirurgias intraoculares não dispunham dos recursos tecnológicos de hoje em dia; por isso, o risco cirúrgico e de pós-operatório também era maior. Hoje fazemos cirurgias até em crianças com catarata, usando lentes dobráveis que sequer precisam de pontos para a fixação”, encerra o oftalmologista.